domingo, 24 de abril de 2011

pra dizer o quanto o amor é brega ou o quanto eu te amo


Meus dias normalmente são mais longos e mais difíceis do que os das outras pessoas
Mas, quer saber? eu não me importo
Porque no fim, depois que a multidão se dissipar, eu tenho a certeza de que será você
o único que vai estar lá,
Olhando pra mim e sorrindo
mesmo que eu chegue muito, muito atrasada e cansada
você vai estar lá
De pé, de braços abertos, prontos pra me acolher pelo resto da noite 
E eu nem vou senti-la passar
Até o novo amanhecer
da certeza de te ter
No fim do dia

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Último post antes de sumir daqui por um tempo. 
Nada de novo. Tudo de novo outra vez.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

super-homem

retirada de cineclubegrandeangular

E quando ela chega
de um jeito tão manso
dizendo "seu moço, não foi bem assim"
 a prova de tudo, a prova do mundo
me joga no fundo e me cospe no chão
és tão decidida, tão linda e metida
que quando me invade, sem culpa e sem juras
me pega de jeito e me deixa do avesso.
depois do delito, meu corpo emudece
e mais uma vez, em deleite se esquece
"querida, te dou a razão"

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Nada a fazer.

CANDIDO PORTINARI, Criança Morta (Criatura muerta), 1944

Às vezes penso que Deus deve mesmo ser uma inteligência muito superior para encontrar sentido em alguns tipos de crueldade e injustiça que, para mim, por mais que eu pense, não servem para nada.

A única coisa que espero é que realmente haja um motivo. E que ele seja tão grandioso e sublime que a inteligência humana não seja capaz de perceber.
Para que eu não fique sem acreditar, me resigno ao cômodo e egoísta "Coitado.Espero nunca ter que passar por isso".

No fim, assim é que se vive. No esforço da fé, na vontade da revolta, na ternura da lágrima e no egoísmo infalível nosso de cada dia.

domingo, 3 de abril de 2011

Sério, sereno e inteligente

Por esses dias entrei numa livraria dessas de shopping, que insistem em misturar no ar o irresistível cheiro de livro novo com café.
Como qualquer livraria, de qualquer shopping, os livros mais vendidos e/ou recomendados ficam em lugar de destaque, a mostra em vitrines e balcões de exposição.

Mal entrei e logo minha atenção foi capturada pelo famoso Diário de Anne Frank. Logo esse livro, que há tanto tempo eu não notava mais nas prateleiras de livrarias, chegando quase a me esquecer da sua preciosa existência. Não que seja um livro ruim ou fútil. Muito pelo contrário, é uma obra de valor histórico e literário inestimáveis (apesar de a Siciliano cobrar preços um tanto abusivos, mas, enfim...).

O fato é que o livro me remeteu a um tempo em que eu, justamente por sua causa, adquiri um estranho e prazeroso vício. O vício de observar cada rosto masculino que cruzasse meu caminho. Pois é, todos têm algum tipo de vício, desde os mais comuns e toleráveis como reparar em placas de carros, até os mais inusitados e as vezes irritantes, como sempre precisar deixar o volume da televisão em um número par.

Em seu diário, Anne fala de Peter, um garoto de sua escola que ela chamava de "meu verdadeiro amor".

"Eu me esqueci de que ainda não lhes contei a história do meu verdadeiro amor."
[...]
"Peter era o menino ideal: alto, magro, bonito, com um rosto sério, sereno e inteligente"

[...]
"Ele tinha cabelos escuros, olhos castanhos lindos, bochechas rosadas e um nariz encantadoramente pontiagudo. Eu era louca pelo sorriso dele, que lhe dava um ar infantil e maroto."


O que é mais incrível nessa passagem e o que me faria fixá-la em minha mente a ponto de decorar cada palavra, ponto e vírgula escritos por Anne seria sua incrível perspicácia e sensibilidade ao descrever o rosto de Peter. Percebam o quanto é tocante! Um rosto sério, sereno e inteligente.

Pois bem, em fevereiro de 2008 a imprensa divulgou uma foto de Peter, doada por um ex-colega de escola de Anne.

Sério, sereno e inteligente


Desde então, depois de ter contato com essa imagem, comecei minha busca implacável. Passei meses (nem me lembro exatamente quantos) observando cada rosto masculino que cruzasse meu caminho, chegando mesmo a ser indiscreta. Eu estava determinada a encontrá-lo. Um rosto sério, sereno e inteligente!

Naquele tempo, pegar o ônibus no horário de pico se tornou uma aventura diária e prazerosa para mim. Cada rosto masculino que passasse pela catraca era minuciosamente investigado.  Uns eram sérios e serenos, outros sérios e inteligentes, mas nunca os três ao mesmo tempo.

Não menosprezando outras formas de beleza que, aliás, são muitas e inclassificáveis. Mas essa busca se transformou em uma verdadeira obsessão.

Um dia, caminhando pelos corredores da Universidade, finalmente o encontrei! Um rosto, uma fisionomia...era séria, serena e inteligente!
Sem muita coragem, desvendei as qualidades desse rosto para seu dono. Ele estranhou e achou graça, dizendo que sinceramente não se considerava nem um pouco sereno. Mas, afinal de contas, um rosto revela muito pouco de uma pessoa.
Hoje, meu amigo querido, de nome Ismael, habita terras Irlandesas. Espero que elas lhe tragam um pouco mais de serenidade...