terça-feira, 19 de julho de 2011

Feito criança

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E me pergunto: Pra que tudo isso? As coisas são tão simples, os fatos são tão óbvios. Esse cheiro de mundo, essa visão teatral, esse gosto...Meu Deus, quanta bobagem! Não faz sentido. Não faz o mínimo de sentido. Esse choro sem razão. Sem razão aparente...porque lá no fundo há uma razão. Tão escondida e profunda nas minhas entranhas. Mas está lá. Só um consolo...um consolo, um carinho, sem pretensão nem explicação. Andando, andando...continue andando. Calma. Já está quase correndo. Andando!! Devagar. Muita água empoçada. Esses ladrilhos desalinhados e essa merda de sapato! É capaz de eu parar de pensar e ainda continuar andando. Essa pressão na cabeça, esses mesmos pensamentos. Ele me ama. É fato. Não tem a mínima noção do quanto eu preciso dele, mas me ama...Enfim, já são três meses. Três meses?E...cinco dias? Cinco dias? Isso, isso. Ah, não. Caminhão. Por favor, passa devagar! Diminui, porra! Diminui! Caralho, essa água nojenta! Lavei a calça ontem. Quase não seca no varal com esse tempo. Esse tempo. Eu gosto. Gostaria mais se pudesse ficar em casa com ele. Calma. Vai devagar, senão acontece que nem da última vez. Ah! Essa estátua, monumento, sei lá, na entrada. É horrível! Não remete a nada. E o colocam aqui. Bem na entrada, para que todos olhem e comentem. A arte pra mim tem que sensibilizar. Não importa se é feia, bonita, chocante, alegre, triste...tem que tocar as pessoas. Fazê-las sentir. E esse negócio horrendo logo na recepção! Puta merda! Passo o dia olhando pra isso. Aliás, quem fez isso? Deve ter sido o filho do dono, ou a mulher dele. Só pode. Chorei feito uma criança ontem a noite. Por quê? Não sei....só ando triste. De repente tudo ficou meio triste. Parece que está impregnado no ar.  E esse caralho de escultura!!! Devia ter esperado o outro ônibus hoje. Parava mais perto. Mas cheguei. Deixa ver...dez minutos atrasada. Está bom. Para os meus parâmetros, ótimo. Essa tristeza, essa tristeza. Parece que vai me explodir o peito. Café. Sempre ajuda. Lá vem ele...vai falar do relatório."

- Bom dia, meu bem! Como está? Preciso que separe a papelada pra eu fechar o relatório hoje, tá?Qualquer coisa, vou estar na minha sala.
- Sim,sim...sem problemas. Já levo.

"Chorei feito criança.Essa tristeza, essa tristeza."

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Fuga

Tinha aprendido, sem que a houvessem ensinado, que a emoção é o pensamento que escapa da gente quando estamos distraídos. Ele foge para virar lágrima ou sorriso. Por isso, quando lhe perguntavam o motivo do choro, ela só respondia: Não sei. Acho que meu pensamento fugiu”.