Aquele acontecimento foi rápido, muito rápido. Corriqueiro como as obrigações cotidianas e os costumes da cidade grande ordenam que seja.
Eu precisava correr, como sempre. Vesti apressadamente a "roupa de batalha", engoli qualquer coisa, escovei os dentes e pus-me a descer inabalável uma das tortuosas ladeiras que compõem a acientada geografa da minha cidade. E a desci aos tropeços, tentando concentrar-me, a todo custo , nas fórmulas e conceitos físicos lecionados pelo professor e que, irremediavelmente, haviam de estar presentes na prova aplicada na primeira aula daquele dia.
Ótimo. Tudo corria perfeitamente,cheguei com antecedência na estação ferroviária, o trem não atrasara , as fórmulas fluiam em minha mente com perfeição e pude me infiltrar com facilidade em meio à turba de trabalhadores suburbanos que lotavam o último vagão daquela composição.
Não demorou algumas estações até que eu fosse empurrada, espremida, enforcada e jogada para qualuqer lugar onde houvesse o mínimo de espaço necessário para que caiba uma pessoa. É claro que não se considerando o importuno fato de ela ter a necessidade de respirar. Mas qual a significância do sistema respiratório humano e de sua devida manutenção quando se tem uma prova de Física na primeira aula?
Estava assim, desenvolvendo um novo mecanismo de oxigenação para o corpo humano, quando atentei para a mulher ao meu lado, ou, talvez, estivesse à minha frente...não sei, nas referidas condições em que eu me encontrava perde-se totalmente os sentidos de direção. Pois bem, voltemos as precárias condições que impulsionam este texto. Não pude deixar de atentar para uma certa mulher. Não sei se isso deve-se ao fato de não haver espaço suficiente para eu direcionar a cabeça para outro lado ou se a mulher realmente foi carismática o suficiente para fazer-me esquecer a Física e concentrar-me em sua conversa com um dos homens dali.
A moça contava-lhe, sem muita vontade, sua trajetória diária e as forças rotineiras que a impediam de relacionar-se normalmente com a família (entenda-se por esta, marido e filho). Nada a que eu não estivesse metodicamente acostumada. É normal, quando se está em São Paulo ou nas cidades periféricas a esta, conviver com este tipo de coisa. Já havia até começado a memorizar, mais uma vez, algusn conceitos da termologia, quando ouvi, da referida moça, algumas palavras que causaram-me um mal-estar repentino: "Pois é, trabalho de dia e estudo à noite. Não consigo ver meu filho, não teho tempo. Ele já nem me reconhece mais. Meu próprio filho."
Aquilo abalou-me o suficiente para que me fizesse esquecer, até o final do trajeto, a avaliação na primeira aula.
Chegando à estação terminal, fui, assim como os demais passageiros, cuspida para a plataforma de desembarque onde, sem me mover, acompanhei com o olhar a tal mulher. Ainda pude vê-la caminhar até a escada de saída, onde desapareceu em meio à multidão que se atropelava.
Agora eu já não reconhecia mais ninguém. Sobre quem eu estava falando mesmo? Ah, o que importa? Eu tinha prova de Física na primeira aula.
Eu precisava correr, como sempre. Vesti apressadamente a "roupa de batalha", engoli qualquer coisa, escovei os dentes e pus-me a descer inabalável uma das tortuosas ladeiras que compõem a acientada geografa da minha cidade. E a desci aos tropeços, tentando concentrar-me, a todo custo , nas fórmulas e conceitos físicos lecionados pelo professor e que, irremediavelmente, haviam de estar presentes na prova aplicada na primeira aula daquele dia.
Ótimo. Tudo corria perfeitamente,cheguei com antecedência na estação ferroviária, o trem não atrasara , as fórmulas fluiam em minha mente com perfeição e pude me infiltrar com facilidade em meio à turba de trabalhadores suburbanos que lotavam o último vagão daquela composição.
Não demorou algumas estações até que eu fosse empurrada, espremida, enforcada e jogada para qualuqer lugar onde houvesse o mínimo de espaço necessário para que caiba uma pessoa. É claro que não se considerando o importuno fato de ela ter a necessidade de respirar. Mas qual a significância do sistema respiratório humano e de sua devida manutenção quando se tem uma prova de Física na primeira aula?
Estava assim, desenvolvendo um novo mecanismo de oxigenação para o corpo humano, quando atentei para a mulher ao meu lado, ou, talvez, estivesse à minha frente...não sei, nas referidas condições em que eu me encontrava perde-se totalmente os sentidos de direção. Pois bem, voltemos as precárias condições que impulsionam este texto. Não pude deixar de atentar para uma certa mulher. Não sei se isso deve-se ao fato de não haver espaço suficiente para eu direcionar a cabeça para outro lado ou se a mulher realmente foi carismática o suficiente para fazer-me esquecer a Física e concentrar-me em sua conversa com um dos homens dali.
A moça contava-lhe, sem muita vontade, sua trajetória diária e as forças rotineiras que a impediam de relacionar-se normalmente com a família (entenda-se por esta, marido e filho). Nada a que eu não estivesse metodicamente acostumada. É normal, quando se está em São Paulo ou nas cidades periféricas a esta, conviver com este tipo de coisa. Já havia até começado a memorizar, mais uma vez, algusn conceitos da termologia, quando ouvi, da referida moça, algumas palavras que causaram-me um mal-estar repentino: "Pois é, trabalho de dia e estudo à noite. Não consigo ver meu filho, não teho tempo. Ele já nem me reconhece mais. Meu próprio filho."
Aquilo abalou-me o suficiente para que me fizesse esquecer, até o final do trajeto, a avaliação na primeira aula.
Chegando à estação terminal, fui, assim como os demais passageiros, cuspida para a plataforma de desembarque onde, sem me mover, acompanhei com o olhar a tal mulher. Ainda pude vê-la caminhar até a escada de saída, onde desapareceu em meio à multidão que se atropelava.
Agora eu já não reconhecia mais ninguém. Sobre quem eu estava falando mesmo? Ah, o que importa? Eu tinha prova de Física na primeira aula.
reconheço a estação, a falta de ar e a sensação de não ter domínio sobre o próprio corpo; trabalhar e estudar, tb reconheço! algum reconhecimento? nenhum!
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